As cartas que lês corroem-te os olhos
Deles, lágrimas nuas correm
Deles, fios de sangue choram
E beijos salgados e molhados saltam.
As páginas e páginas de vento
Que cortam o sentido de real no tempo
Na tua mão, de mão em mão
Chegam aqui.
Te olho, te ouço, te procuro,
No crime de real ser,
No karma de saber ler, o teu-meu
Livro de aventuras.
E a sede de mais uma página
De mais um segredo num gesto sagrado,
Me abraça, me acolhe, me afasta de ti
E nas letras de uma canção,
Nas ruas de uma cidade,
Nas trevas de uma caneta
Ficámos presas.
Vortex confuso de dias-noites e noites-dias
Me lavaram de mão dada para longe, ao longe
Me deixaram quebrada nas ruas
Num cubo de gelo carimbado
E na tua falta, o chão deixou de existir
Na tua ausência, chamas e fumo.
E a perda, enaltece o ganho
A lágrima, o sorriso,
A noite, o dia,
Tu, a mim.
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