River Flows in You

domingo, 20 de novembro de 2011

Heaven or Hell


O sangue sabe-me a boca

Na imperfeição de uma corrente

De gostos, cheiros, sons

E sentimentos.



O bater desenfreado soa a coração

Com pressa, com alma,

Com medo e sem razão

Há dias assim!



A espera sabe-me a calma

Que pretendo agarrar

Por entre dedos laços

Que fogem de olhos baços

Que já não te sabem procurar.



O medo sabe-me a loucura

Pura, dura, crua

Nua de preconceitos e

Pensamentos

No longe-perto

No deserto de não te saber.



Assim se sente uma sorte

Uma fortuna incontrolável

Assim se sente, se vive

E, se recente,

Se morre mais um bocadinho

A cada segundo

Longe.



Z.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Somewhere around nothing

Existe um som
Uma palavra
Um cheiro
Uma cor.
Existe um mundo.
E onde está esse mundo?

Na vastidão incompleta
De um deserto sem fim à vista,
Na terra que cobre o chão
Como se fosse o seu chão.

Não me falta o desejo de sair
De alargar as garras apertadas
Que me sufocam,
Mas que, não largando,
As faço minhas.
O meu carrasco.
O meu sonho.

Falta-me a coragem para ficar
Para acolher em minha casa, o meu perdão
Para correr pela estreita avenida
E abrir os braços a receber
Aquilo que em mim, sou eu;

Falta-me a ousadia
Para vencer a corrente contrária
O estigma de que o caminho
É em frente. Sempre;

Falta-me a respiração
Que mancha de soluços
A máscara que todos os dias
Assiste ao raiar do sol
Como alimento;

Falta-me a plataforma
Que me segura no lugar
(Não no meu)
Que me permite ser a muralha
Entre a realidade
Triste, cinzenta e retorcida,
E o abrir das comportas;
Falta-me.

Resta-me o desassossego
A solidão e as palavras fáceis.

Resta-me o cheiro
Das coisas novas
Que não liberta o meu corpo,
A minha pele e a minha alma
Torturando-me a chegar ao fim

Abrindo ele próprio, com suas mãos
O abismo imenso
Que em terra árida se apresenta
Se alucina
Me alucina.


Resta-me o nada
O meu amigo, nada
O meu mundo, nada
Eu, nada.


15-09-2011

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Longe

Longe do mar
Longe de ti e de tudo o resto
Longe que é o novo perto
Para esperar na beira-estrada
O que vem, o que há-de chegar
Quando eu me esquecer de procurar.

Vem comigo e ficarei longe de tudo
Aquilo que me cansa e me mata a cada segundo
Aquilo que não mais aguento
Que não mais vejo, ouço e sinto.
Longe do mar, da minha aldeia e serra, o mar

Vem procurar-me onde sabes que não estou
E fugirei para onde o meu mundo ficou
Naquela praia soalheira, longe dela
Onde perdi a vontade de escrever
Onde aprendi o que era crescer
Por força das ondas que enrolam fortemente

Vem aqui dizer-me adeus aos meus ouvidos
Que não ouvem nada mais que os meus passos
Na areia longe do mar onde acordo com a chuva
De um dia de sol, a fazer estragos na mordaça
Que o meu coração prende forte no meu peito

Vem para longe deste mar onde me afogo
Desta água clara onde a luz das estrelas não entra
E o sol na sua cinza se faz corda
Que me arrasta para o fundo, não do mar

Vem cantar-me com a sede da manhã
Do orvalho nas cigarras que o consomem
E onde o mar chega ao fundo do seu suspiro
E me deixa muda e sem ar na minha casa
Longe dele, nele
Longe de ti, penetrando o mais fundo de ti
Longe daqui, aqui presa na ilha

E os restos, os rastos, ao sol da meia-noite
Largam migalhas na sua ânsia por mais um dia
Onde o mundo é ele mesmo e eu sou nada
Onde o mar é ele mesmo e eu sou nada
Longe dele, na casa-fachada

E o resguardo, não da cama
Mas da vida
Esse lençol branco que me escuda da vontade
De ser gaivota com lágrimas de sal
De ser algo mais que nada
Este nada longe do mar.

E o perfume que cobre a tua espada
A tua esteira de vontade e sentimento
A tua fogueira de calma e sofrimento
O meu perfume, no meu sangue derramado
Sem significado, nos entalhes da madeira
Não se liberta para o ar, por o não haver
Por não o ser, esse mar incolor e aberto
Por não o ser, este ser incerto.

E longe deste mar, longe do céu
Longe da terra, e do berço que a ela deu
Toda a sua maravilha, a transbordar
De poros abertos, de falhas no chão
Onde quem cai para longe do mar
E não sabe como respirar,
Fica, longe do seu, do meu, e não do teu, mar.


Doi dizer que sim, porque "sim" é a palavra mais comum do mundo,
Doi dizer adeus, porque temos a noção de que quem não voltará somos nós.
Doi ficar aqui, porque este, apesar de tudo o resto, é o lugar que conhecemos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Soulless bird

I’m speechless, breathless

The rain falls down my face

Colder, like the weather’s smile

Or are they tears? The breathless sounds

That make my world apart.



I’m unfinished, broken

As the darker sky, falling over

My world apart. Take me,

Steal my body, wake my soul

And make me smile.



I’m soulless, fearless

A phantom guiding the lost in me

Through ways I’ve never seen,

The searcher leads the way;

The killer leads the haunt;

The pray leads the run;

I lead the loose.



I’m played, criticized

By the one that led me on

By the one that killed my body

And cursed my soul

To an everlasting sleep

With no beauty.



So I beg, shinning knight

Steal me, steal my body

And wake my soul

With a kiss that means.



So I beg, curious dragon

Lead me on, to the unfinished way

And through the skies I’ll cry

For what I’ve lost.

And it’ll dry, leaving a rainbow.



They are just memories.