River Flows in You

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Somewhere around nothing

Existe um som
Uma palavra
Um cheiro
Uma cor.
Existe um mundo.
E onde está esse mundo?

Na vastidão incompleta
De um deserto sem fim à vista,
Na terra que cobre o chão
Como se fosse o seu chão.

Não me falta o desejo de sair
De alargar as garras apertadas
Que me sufocam,
Mas que, não largando,
As faço minhas.
O meu carrasco.
O meu sonho.

Falta-me a coragem para ficar
Para acolher em minha casa, o meu perdão
Para correr pela estreita avenida
E abrir os braços a receber
Aquilo que em mim, sou eu;

Falta-me a ousadia
Para vencer a corrente contrária
O estigma de que o caminho
É em frente. Sempre;

Falta-me a respiração
Que mancha de soluços
A máscara que todos os dias
Assiste ao raiar do sol
Como alimento;

Falta-me a plataforma
Que me segura no lugar
(Não no meu)
Que me permite ser a muralha
Entre a realidade
Triste, cinzenta e retorcida,
E o abrir das comportas;
Falta-me.

Resta-me o desassossego
A solidão e as palavras fáceis.

Resta-me o cheiro
Das coisas novas
Que não liberta o meu corpo,
A minha pele e a minha alma
Torturando-me a chegar ao fim

Abrindo ele próprio, com suas mãos
O abismo imenso
Que em terra árida se apresenta
Se alucina
Me alucina.


Resta-me o nada
O meu amigo, nada
O meu mundo, nada
Eu, nada.


15-09-2011