River Flows in You

domingo, 25 de julho de 2010

Liberdade (é como andar de bicicleta, primeiro tira-se a mão, depois as rodinhas e depois somos só nós)

Mudar. Muda tudo
Muda o tempo à volta,
E as vezes o tempo que fica
Mas eu continuo a mesma
Agarrada às mesmas palavras rasgadas
Aos mesmos fiapos de vida ganha ou perdida
Mas sou eu mesma.

Sou eu mesma nas palavras que escrevo
Nos sonhos que meio-realizei
E em tudo aquilo que à minha volta muda.

Procurar por algo mais no infinito
Pressuposto de gigantes no céu do heroísmo
É o fim de uma corda que nos ata
Uns aos outros numa teia,
Separada de frágeis fios.

E por vocês continuo aqui
À neve, ao sol, ao vento e ao frio
E por vocês sou tudo o que sou
E tudo o que me recusei a ser
Mas para mim sou menos e muito menos
Do que aquilo que vocês são em mim.

E grito, e choro, e grito
Por esperar por algo mais que faça diferença
Quando a diferença está toda lá no sussurro do vento
No teu olhar quando me vês ao longe
E foges de mim para procurar o outro ser
E a ti, escrevo estas palavras,
Porque tenho vontade, e dela me sirvo
Para me guiar, tal como as estrelas
No meu choro e gritos para ser mais do que não posso ser

E corre, corre, corre para longe
Que não te sigo
Porque este é o meu caminho,
A minha história
Na balada, tocada à luz da meia noite
Onde nas águas do céu pintei um retrato
Daquilo que para mim é ser feliz
Daquilo que para mim é ser livre
Estando presa numa teia que nos ata sozinhos

E sozinha hei de ficar um dia
E nos caminhos do traço que tracei
Me perderei, de vez nas linhas leves
De carvão negro, que desenham olhos
Com o brilho da banalidade real
Que une almas sozinhas
E recordações

E essas ficam para sempre,
Em folhas apinhadas de pequenos traços vermelhos
Contando uma historia gota a gota
De uma vida irreal
E traçando um mapa de caminhos entrecruzados
Em escolhas que levam a um e só um sítio,
À minha certeza de que este, este sim,
É o caminho certo.

E sem esperar por ti,
Porque certezas são para um e para todos
Sigo em frente e estendo as asas
Para uma liberdade que me impede de respirar
E o voo, levanto-o ao por do Sol
Sabendo que um dia, ele vai nascer de novo.

Ashes and whine

O vinho negro abraça o copo
E em seu regaço canta
Canções de amor mentira e segredo
E na solidão de um por de estrelas sombrio
Eu te espero.

Corta o céu, o aroma a canela queimada
Fazendo segredo dos meus desejos enlevados
Só e somente no vinho negro.

Cai do teu pedestal eterno
Revolta-te contra a virilidade de um sopro de vento
E vem, junta-te a mim na dança do sonho, do sopro
Da vida, das cordas de uma guitarra na noite.

São negras as águas em que me afogo
São duras, as largas escadas que subo
E o céu é o meu limite
Abraçada no aroma de canela queimada
De uma vela acesa na escuridão que dura
Numa vela, num grito de fé e esperança.

Deixa o teu jogo de copas e espadas
Aposta tudo e ganha-me a mim
Ou bebe e deixa-me beber
O vinho negro
Com um trago a amêndoa
Que se junta e baila
Ao sabor da fogueira
Onde nasce a canela e se põe uma estrela
É o fim.