River Flows in You

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

...

O meu espelho contempla-me
Um ente fechado
Por não saber a quem sorrir
Esqueceste tudo
Os últimos suspiros
As ultimas miragens
Do que eu pensava
Ser realmente real
Deixei de pensar
Porque não me quero enganar
No que vejo em ti
Temos prioridades
A minha eras tu
A tua é qualquer outro alguém
Mas percebi
Finalmente percebi
Que o que sempre vi
Foram tristes ilusões
Não sei se sentes remorsos
Não sei se tens que os sentir
E sem ti não sou nada
E sem ti não sou ninguém
E vou certamente sofrer
Mas vou aprender a ser
A mudar o que sempre pensei ver
No nós
Que possivelmente deixou de existir
Percebi que não tenho vergonha de chorar
Porque chorar não mostra o que sou
Mas sim o que não sou; insensível
Não esqueci nem vou esquecer
Nada
E depois não sei….

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Reticencias

O vento sopra
E a magia paira
Nos raios de invisibilidade
Que me compõem
Tu choras esquecida
Entre pedras
Entre notas
E a nossa historia
Voa para junto de mim
As paginas de piadas
Que dissemos
Procuram-me por saber o que sentes
Por saber que não vais esquecer
O que falta:
A despedida
Acrescento um só mais capítulo
Duas palavras mais
“Até breve”
Depois…reticencias…

Vai onde o vento te lavar

Uma tarde, um gelado a derreter. Esquecido na mesa da varanda, sob aquela amalgama de sois. As folhas cobertas de palavras pairavam nas correntes de ar, indo parar onde o vento as levasse. Onde elas caíam nasciam sorrisos, e novas palavras. Novas vontades e novos sentimentos. Novos destinos. A minha maneira de sonhar ficou diferente, menos sonhada e mais real face a ti e ao que me transmitiste. A tua coragem preencheu-me. O vento exigia mais folhas. Criara aquela sede de palavras que já existia em mim há muito tempo. As folhas exigiam mais vento. Esqueci-me das promessas de não mais escrever. A tinta saltava com vontade própria. Não era eu que obedecia àquele ciclo vicioso de vento e palavras. Porque o vento leva-te onde mais desejas. Não sabias?!

Noção de realidade

No cartaz a imagem olhava o mundo. Figuras supostamente geométricas, pintadas da cor dos olhos. Ninguém passava sem olhar. Tu olhaste. Eu vi. Mas fechaste os olhos. Talvez para gravar na memória a ferro e fogo aquela qualquer coisa mais diferente. O arrepio? Também o sentiste? Realmente somos iguais. O que eu sinto, tu sentes. Vice-versa. Treino as falas ao espelho para não me enganar na deixa crucial, no fim do primeiro minuto. O espelho devolve-me a imagem que já sei totalmente de cor. Não os olhos castanhos ou a madeixa rebelde, mas a liberdade de ser feliz na nossa tão diferente noção de realidade.

Coincidências

Passei por aquela praia
Naquele dia
Sentei-me na areia quente
A escutar o tempo
Perdido?
Talvez…
Talvez fosse um sinal
De que o capitulo acabou
Em reticencias
E palmas suspensas
Quando o pano desceu
Fim do acto
Fim da vida
Antiga
Olhei o céu
Azul, verde
Depende de quem olha
Para ti era uma
E para mim outra
Mas sabes?!
Não precisei de te perguntar
Via-se nos teus olhos a diferença
Não és banal em nada
Nem sequer no olhar
Olhas mais profundamente
Como se visses
Coisas que ninguém vê
Até naquela simples nuvem.
A maré estava vazia
Não havia conchas
Simples pormenores
Merecem atenção?
Depende
Se fores tu
Das atenção a tudo
Sempre foste simples
Mas completíssimo
Como ninguém mais
A praia
O céu
O mar
Tu, onde não te esperava encontrar
Coincidências perfeitas
Ou apenas coincidências?

E nesse dia?

Não sei como lidar
Com aquele aperto
Será saudade?
Será medo?
Não sei.
Ou talvez saiba
É tudo,
Também lhe posso chamar nada
Ou esperança
De que tudo nunca acabe
De que um dia seja o infinito
Não sei explicar
Como me faz sentir
O simples acto de pensar
Que um dia vais partir
Que um dia não mais te vou ver sorrir
Talvez se eu ficar sempre a espreita
E não fechar os olhos
Não te vás
Não te percas
Não te desvaneças
Talvez não possa mudar
O que vier a acontecer
Mas não posso pensar
Que um dia tudo vai mudar
Que um dia algo vai acontecer
E que eu te vou perder
Para um alguém ou alguma situação
E me vais deixar na ilusão
De que continuas para me ouvir
E que vou ter sempre tempo de me despedir
Não sei como lidar
Sem choro ou desespero
Com o simples acto de pensar
Que nada posso fazer
Para um pedaço de mim não morrer.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Talvez

Talvez as coisas um dia sejam diferentes
Talvez tenha escolha no que penso
Mas não agora.
Não pedi que viesses
Nem que deixasses o meu mundo de rastos
Arrasaste tudo
Pedra a pedra
Palavra a palavra,
Nunca ouve um lugar para ti aqui
Mas infiltraste-te
Nos meus sonhos
E viraram pesadelos.
Talvez um dia me deixes viver
Sem ser esta forma triste
De quase vida.
Negro pensamento
Não quero que fiques
Não quero perder-me em ti.
Talvez um dia eu deixe de falhar
Os meus objectivos
Talvaz um dia deixes de me magoar
Talvez um dia vás
E nao voltes
E eu deixe de ter medo.