River Flows in You

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Danço às voltas
Nas voltas que a vida dá.
Danço, cansada, num corropio
Por não poder deixar,
De dançar.

Os pés movem-se com o
Ritmo próprio, no contra-relógio
De notas, bateres de asa
E de um coração, cansados
Talvez desesperados, de saber
Que parar é morrer.

Danço com bolhas nos dedos
Guardando os meus segredos
Nas voltas que eu dou
Sobre a vida
Que gira, perdida
Sobre o seu próprio ar
Que não chega, respirar
Para ser de novo dia
Em que pára, o fim do dia
E eu paro de girar
E consigo continuar
Em frente, se dolente
Sem dar voltas e voltas
No mesmo lugar,
Mesmo que a dançar,
Na vida.

Danço sobre a fogueira
Que arde de tal maneira
Que o céu fica corado
E o mundo fica molhado
Das lágrimas que caem
Para me tentar apagar
Nesse sem fim de madeira
Que corre a atear
A mesma fogueira
Onde eu consigo dançar
Às voltas e voltas
Sem me cansar
Na pressa de chegar
A qualquer outro lugar
Onde a vida não seja um ciclo
De pés girando em círculos
Sempre, sem abrandar.

Não posso deixar de girar
No mesmo, no mesmo lugar
Com medo que o mundo fique
E eu deixe de cá estar
Para me procurar
Entre as voltas que a vida dá
E o que será de mim
Neste sufoco de mesma coisa
No fim de passados anos
Sem que se cumpram os meus planos
De ser mais do que voltas e voltas.

Quero dançar a direito
Neste caminho estreito
Que se faz de encruzilhadas
Amores e largas passadas
Para o mundo no seu todo
Para poder ver águas passadas
E deixar-me ir
Sempre a seguir
O caminho que tracei,
Para onde conseguir
Sem parar de rir
Porque o mundo não é direito
Mas o caminho é sempre em frente
De corpo forte, a puxar a mente
Para fugir
Da monotonia, procurando
A magia, de ser leve
Em mil momentos, breve
Com os pés a tocar o chão
Numa mesma direção
Mas seguindo, sem girar
Sempre no mesmo lugar.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

8.

Não são contas que contadas ficam
Quando as perco no contar de um infinito
Do virar de um calendário comum
À procura do incomum nos meses gastos
Que de separararem-se em horas vagas
Ficam na imensidão de um tudo.

Não foste, mas ficaste, mas fizeste
De mim mais do que algum dia serei
Não foste, ou foste? Por ser eu
Quem te quis, ida, no tempo que me deste
E que não te dei, por não ser meu ou não saber-me
Dividida entre o divino e o banal.

No divino não vi nada que me fosse
Capaz de entreter ou alterar;
No banal vi o mundo como não era
E perdi-me a contemplar esse final.
Que final se tornou porque eu escolhi
Ser banal como o era quem eu vi
E quis que me fosse, sem te ser.

Dos oito, um desfaz a conta certa,
Certa por certezas que não tive.
Dos oito, ficam sete e eu no fim
A pensar como fazer por ti
O que não fiz, o que não vi, o que não quis
E admito ter faltado à promessa
De serem oito, unos, anos, de nós.

Não espero cortesias ou sorrisos,
Não quero pesadelos nem juízos,
Mas deles sou agora prisioneira,
Talvez a vida inteira (o tenha sido?!)
Sem que a vontade de fazer-me respirar
Seja motor que me faça andar
Em frente na certeza que atrás
Deixo a minha alma capaz
De procurar-te e trazer-te ao pé de mim
Para que oito sejam cem, no fim

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Sou eu

Aqui nas horas da madrugada fora
Tenho pena que a vida já não seja minha
Que a carência tenha vindo à tona
Que já não saiba o que antes tinha.

As pedras da calçada rebolam gastas
Na luzidia confusão do sol nascente
E na parca consciência de outras marcas
Exista ainda a tua, pendente.

É ferro o que sinto a queimar-me
É gosto do sangue, vermelho, de qualquer cor
Aquele que nos une, a ensinar-me
A já não chorar o teu calor.

É pena as palavras que já disseram
Foi dito, escrito, feito ao acaso
É pena que as que disse, que já me fizeram
Não sejam, hoje em dia, o que faço.

Não espero que as preencha
A vida inteira, mas que vivam
Se eu me morro e que se me encha
A alma de cortes de respiração
Nas horas em que as sinta a passar.

Não quero voltar a ser criança
Se na vida não puder a todo o custo
Perder-me no ritmo desta dança
Que me arca e me embarca no futuro.

Se a estrada não for feita de caminhos
Perca-me eu no meio dessa mesma
Mas digam-me um dia com certeza
Que errei em perder-me de mim.

Tenho pena que me escapem as palavras
Os ditos, as caricias do saber
Mas sem saber, sem ser, sem ter
Sou mais eu nas horas vagas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Fecha-se uma porta mas abre-se sempre uma janela, nem que seja para dentro de mim própria...


Encontro-me sentada num alheamento completo
Encontro-me, melhor dizendo, num desencontro
Total, simples.

As cartas do meu baralho
Espalhadas como brasas quentes
No chão, em volta, numa prisão
De passos afastados de si mesmos.

Encontro-me, não sei dizer quando
Depois de quanto, o tempo que passei desencontrada
A fixar o branco, e não tão branco
Da parede fria, lisa, gasta, farta
De um fixar tão constante, tao longo e tão indecente
Que cora a parede branca na vergonha de algo tão (im)puro.

Encontro-me, de faces rosadas
Como as rosas de pétalas rosa
Brilhantes de orvalho e maresia
Que sem espinhos, nem vontade,
Se deitaram a aquecer-se por brasas
De passos diferentes.

Encontro-me surreal, alheia
No espaço que é o meu espaço
No espaço que é o meu tempo
Que foi o meu tempo,
Até que o partilhei.

Encontro-me apenas por saber onde estou
Porque o resto tudo é mudo, e surdo e cego
E torto.

Encontro-me no sol da meia-noite
Que não existe na distância que me rodeia
Que me faz real e me deixa para que me vejam
Na praia onde me encontro na parede branca.

Encontro-me na colcha tosca
Que aperto e aparto
Mas que me cubra a colcha tosca
E que me esconda, sem que o faça
Para que me encontre, completa.

Encontro-me a olhar-me sem me ver
No quadro que pende da parede branca
Onde o que sou é puro e duro
Mas onde o que sou é muito menos.
Encontro-me sem que me descubra
Nos veios que raiam de um ponto
Onde as veias se abriram para largar
A essência.

E encontro-me nesse ponto vermelho, ao centro
De ondo o resto de mim pende, retorcido
Pelos veios que criei ao quebrar-me
Sem me destruir.

Encontro-me nos pontos, nas pétalas, nas brasas
Jogadas ao acaso a marcar caminho
Entre o espelho que odeio e que quebrei
A libertar-me da prisão de uma imagem
Que não me diz, que não me manda, que não me define

Encontro-me nesse espelho quebrado em mil
Ângulos que me partiram por se partirem
E sei-me muito mais, muito melhor
Que a imagem de mim que encontrei todos os dias
Num espelho que, embora gasto era uno
E a prisão que sempre me fez
Em barras apertadas que agora carrego
Ás costas, a minha cruz, por ter vontade.

Encontro-me nesse espelho, de olhos abertos
E nele agora vejo mais do que uma criança
E nele agora vejo mais do que uma tela branca
E nele vejo. E nele vejo-me.
Com falhas e quebrada, assim sou eu
Com falhas e quebrada, assim eu quero
Com falhas e quebrada, estou pronta.

domingo, 20 de novembro de 2011

Heaven or Hell


O sangue sabe-me a boca

Na imperfeição de uma corrente

De gostos, cheiros, sons

E sentimentos.



O bater desenfreado soa a coração

Com pressa, com alma,

Com medo e sem razão

Há dias assim!



A espera sabe-me a calma

Que pretendo agarrar

Por entre dedos laços

Que fogem de olhos baços

Que já não te sabem procurar.



O medo sabe-me a loucura

Pura, dura, crua

Nua de preconceitos e

Pensamentos

No longe-perto

No deserto de não te saber.



Assim se sente uma sorte

Uma fortuna incontrolável

Assim se sente, se vive

E, se recente,

Se morre mais um bocadinho

A cada segundo

Longe.



Z.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Somewhere around nothing

Existe um som
Uma palavra
Um cheiro
Uma cor.
Existe um mundo.
E onde está esse mundo?

Na vastidão incompleta
De um deserto sem fim à vista,
Na terra que cobre o chão
Como se fosse o seu chão.

Não me falta o desejo de sair
De alargar as garras apertadas
Que me sufocam,
Mas que, não largando,
As faço minhas.
O meu carrasco.
O meu sonho.

Falta-me a coragem para ficar
Para acolher em minha casa, o meu perdão
Para correr pela estreita avenida
E abrir os braços a receber
Aquilo que em mim, sou eu;

Falta-me a ousadia
Para vencer a corrente contrária
O estigma de que o caminho
É em frente. Sempre;

Falta-me a respiração
Que mancha de soluços
A máscara que todos os dias
Assiste ao raiar do sol
Como alimento;

Falta-me a plataforma
Que me segura no lugar
(Não no meu)
Que me permite ser a muralha
Entre a realidade
Triste, cinzenta e retorcida,
E o abrir das comportas;
Falta-me.

Resta-me o desassossego
A solidão e as palavras fáceis.

Resta-me o cheiro
Das coisas novas
Que não liberta o meu corpo,
A minha pele e a minha alma
Torturando-me a chegar ao fim

Abrindo ele próprio, com suas mãos
O abismo imenso
Que em terra árida se apresenta
Se alucina
Me alucina.


Resta-me o nada
O meu amigo, nada
O meu mundo, nada
Eu, nada.


15-09-2011

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Longe

Longe do mar
Longe de ti e de tudo o resto
Longe que é o novo perto
Para esperar na beira-estrada
O que vem, o que há-de chegar
Quando eu me esquecer de procurar.

Vem comigo e ficarei longe de tudo
Aquilo que me cansa e me mata a cada segundo
Aquilo que não mais aguento
Que não mais vejo, ouço e sinto.
Longe do mar, da minha aldeia e serra, o mar

Vem procurar-me onde sabes que não estou
E fugirei para onde o meu mundo ficou
Naquela praia soalheira, longe dela
Onde perdi a vontade de escrever
Onde aprendi o que era crescer
Por força das ondas que enrolam fortemente

Vem aqui dizer-me adeus aos meus ouvidos
Que não ouvem nada mais que os meus passos
Na areia longe do mar onde acordo com a chuva
De um dia de sol, a fazer estragos na mordaça
Que o meu coração prende forte no meu peito

Vem para longe deste mar onde me afogo
Desta água clara onde a luz das estrelas não entra
E o sol na sua cinza se faz corda
Que me arrasta para o fundo, não do mar

Vem cantar-me com a sede da manhã
Do orvalho nas cigarras que o consomem
E onde o mar chega ao fundo do seu suspiro
E me deixa muda e sem ar na minha casa
Longe dele, nele
Longe de ti, penetrando o mais fundo de ti
Longe daqui, aqui presa na ilha

E os restos, os rastos, ao sol da meia-noite
Largam migalhas na sua ânsia por mais um dia
Onde o mundo é ele mesmo e eu sou nada
Onde o mar é ele mesmo e eu sou nada
Longe dele, na casa-fachada

E o resguardo, não da cama
Mas da vida
Esse lençol branco que me escuda da vontade
De ser gaivota com lágrimas de sal
De ser algo mais que nada
Este nada longe do mar.

E o perfume que cobre a tua espada
A tua esteira de vontade e sentimento
A tua fogueira de calma e sofrimento
O meu perfume, no meu sangue derramado
Sem significado, nos entalhes da madeira
Não se liberta para o ar, por o não haver
Por não o ser, esse mar incolor e aberto
Por não o ser, este ser incerto.

E longe deste mar, longe do céu
Longe da terra, e do berço que a ela deu
Toda a sua maravilha, a transbordar
De poros abertos, de falhas no chão
Onde quem cai para longe do mar
E não sabe como respirar,
Fica, longe do seu, do meu, e não do teu, mar.


Doi dizer que sim, porque "sim" é a palavra mais comum do mundo,
Doi dizer adeus, porque temos a noção de que quem não voltará somos nós.
Doi ficar aqui, porque este, apesar de tudo o resto, é o lugar que conhecemos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Soulless bird

I’m speechless, breathless

The rain falls down my face

Colder, like the weather’s smile

Or are they tears? The breathless sounds

That make my world apart.



I’m unfinished, broken

As the darker sky, falling over

My world apart. Take me,

Steal my body, wake my soul

And make me smile.



I’m soulless, fearless

A phantom guiding the lost in me

Through ways I’ve never seen,

The searcher leads the way;

The killer leads the haunt;

The pray leads the run;

I lead the loose.



I’m played, criticized

By the one that led me on

By the one that killed my body

And cursed my soul

To an everlasting sleep

With no beauty.



So I beg, shinning knight

Steal me, steal my body

And wake my soul

With a kiss that means.



So I beg, curious dragon

Lead me on, to the unfinished way

And through the skies I’ll cry

For what I’ve lost.

And it’ll dry, leaving a rainbow.



They are just memories.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Once upon a time...

From fire to fire


O toque leve de um beijo suave
Marca: o inicio de um dia
E o toque do relógio
Repetido ao milésimo do segundo
Cresce ao ritmo de um trovão

Cresces, também tu, em mim a todo o momento
Amo-te como não poderei recusar
És-me parte, és-me tudo
És meu e não quero mudar.
Fica comigo até ao raiar da alvorada
Mil dessas, encontramo-nos no fim
Chama por mim e eu irei ao teu encontro
Porque eu chamo por ti, metade minha.
E o que corre no meu sangue,
Não é sangue
O que faz meu coração,
Não é meu.
Porque eu, humana e gasta
Sou tua, hoje, sempre
Até ao fim, se aqui ficarmos.

E o som de um beijo leve
Fica aqui, na tarde quente
De um verão no fim
E aqui marca, para sempre
O meu amor, esse teu, sempre teu.
Para ficar,
E se ficares, ficarei
Presa aqui, e não me arrependerei
Porque é por ti, e tu aqui contas
O meu conto de fadas
Contas, e ele é teu
E ele sou eu, aquilo que quero ser.

E o som de um beijo para sempre
Não apagues, a chama que em mim nasceu
Porque eu quero ateá-la ao meu mundo,
Deitar-lhe fogo e deixá-lo arder.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Heartbeat

Sinto o meu coração bater
A mil, dentro do meu peito
Dentro da minha razão,
O coração bate querendo fugir
Para te abraçar onde estiveres
Para se entregar a ti, a quem pertence.


E o dia dá lugar a noites de sol nascente
Segundos que passam no mapa
Disfarçados da sua própria rapidez
E a cada segundo anseio por outro e outro
Vivendo no bater do meu coração, a mil
Para se juntar a quem pertence.


A busca não é nada se o fim não for o meu
O nosso fim de história, ao virar da esquina
O nosso inicio de castelo de areia, longe de ondas na maré vazia
E ao encher, pegamos nele e corremos
Corremos sorrindo com o por do sol nos lábios
A fugir da onda rebelde, a resguardar-nos
Numa felicidade que não sei viver sem um nós.


Pega na minha mão e puxa-me pelo caminho
Guia os meus passos numa feroz corrida ao encontro das ondas
E sei que cairão aos nossos pés, rendidas à superioridade
Do nosso comum, daquilo que somos, enquanto formos,
E não abrandes, não abrandes o vento à nossa volta
E o bater do meu coração
Porque só quero que ele continue a bater,
A mil, para se juntar a quem pertence.

 
A.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sombra de um sol/ Lado Lunar

As cartas que lês corroem-te os olhos

Deles, lágrimas nuas correm
Deles, fios de sangue choram
E beijos salgados e molhados saltam.

As páginas e páginas de vento
Que cortam o sentido de real no tempo
Na tua mão, de mão em mão
Chegam aqui.

Te olho, te ouço, te procuro,
No crime de real ser,
No karma de saber ler, o teu-meu
Livro de aventuras.

E a sede de mais uma página
De mais um segredo num gesto sagrado,
Me abraça, me acolhe, me afasta de ti
E nas letras de uma canção,
Nas ruas de uma cidade,
Nas trevas de uma caneta
Ficámos presas.
Vortex confuso de dias-noites e noites-dias
Me lavaram de mão dada para longe, ao longe
Me deixaram quebrada nas ruas
Num cubo de gelo carimbado
E na tua falta, o chão deixou de existir
Na tua ausência, chamas e fumo.
E a perda, enaltece o ganho
A lágrima, o sorriso,
A noite, o dia,
Tu, a mim.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Telhados de Vidro

Piso no chão os cristais frágeis
De uma história que se partiu em mil pedaços
Ficou na fragilidade do açúcar
Que os compunha, teu doce olhar


Aqui, onde o Sol nasce a cada manhã
Mesmo no fim do mundo
No meu cubo transparente de fino gelo
Olho em volta e vejo cores
De um arco-íris que canta e corre
Num fio de lágrimas
Congelado no teu olhar reflectido
Nos vidros que cobrem a minha cabeça
E sustentam os meus pés
Os meus passos cansados

A história que tenho para contar
Fica eterna, cinzelada nas folhas
Do meu mundo de vidro
No meu mundo de frágeis cristais de açúcar
E o não aguentar e chorar a cada dia
Torna-me diamante
Inquebrável.
Torna-me parte deste palácio
Deste mundo transparente
De cores infinitas ao sol

E nos dias de chuva, quando o vidro se apaga
Quando com as minhas lágrimas
Crio um pouco mais deste conto de fadas
E mais um pouco se parte
Nos cristais que piso
Nos finos pedaços de açúcar
Onde vejo o teu olhar de mil cores
Mesmo nos dias de chuva, de mil cores.

E no caminho de arestas aguçadas
Doces de um açúcar fino
Como folha de papel
Se reconhecem as letras das palavras
Que foram cantadas no meu fio de lágrimas
E ao andar sob o fino gelo
Sem temor de cair no abismo
Percebo que este é o Meu mundo
Que nele medo não existe
Nem sangue dos pequenos cortes do gelo fino

Este é o Meu mundo
E nele Eu reino.

Untitled

A luz da pequena vela encharcava as paredes num tom desvanecido, quase de luar. O velho gira discos que havia tantas horas esgotara a melodia e as palavras rodava incessantemente, riscando o disco.


Olhei o relógio parado na parede escura da pequena sala, pensando que voltara a viver, mas apenas os pingos de cera da vela marcavam os segundos no pulsar constante de um coração que já não batia.

Fechei os olhos sobre os fios de lágrimas que escorregavam na minha pele nua e abracei-me num silêncio gelado que por momentos se fez notar. O vento parara de mexer as folhas cobertas de palavras, que nunca conseguiria mover, estendidas no chão lá fora; os pingos de cera ficaram suspensos a um milímetro da madeira carcomida do chão; O gira-discos engoliu a sua própria estática, deixando de rodar. Fechei os olhos sob os fios de lágrimas que escorregavam na minha pele nua e o tempo parou.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sem senti(r)do

Chorar faz sentido para alguns porque marca um sentir mais profundo do que aquilo que o espelho mostra. Mais do que lágrimas, mais do que gotas de água límpida mergulhadas num quê de sal, chorar é uma amarra solta a uma vida de que não se gosta ou que não se entende.

Não entendo, realmente, o que a vida me faz, mergulhando me numa dormência de não saber o que fazer, capaz de sentir dor ou de me rasgar a mim própria apenas para saber que estou viva, que dentro de mim há um coração que bate com uma regularidade que me assusta. E se ele falhasse, e se eu pudesse fechar os olhos por um segundo, esperando pela interrogação de saber se chegaria um fim ou um principio… seria uma melhoria pelo simples facto de ser uma variação na rotina, algo a que me agarrar.

Nadar contra a corrente de nada importa, de nada serve, de nada vale, não vale os músculos cansados e os olhos a arder, não vale os fôlegos por entre dentes cerrados e as desesperadas tentativas de manter a cabeça à tona… o mar é mais forte e as ondas mais poderosas.

E aos que marcam as margens de mim própria, aos que me estendem uma corda frágil que se partirá de um momento para o outro, fazendo me voltar ao meio de uma qualquer rebentação, a eles digo que me deixem para chegar à praia e me deitar na areia quente, porque é numa miragem que eu quero descobrir se existe ou não sentido para nadar de novo, começar o caminho de volta para buscar a melhor praia. A eles digo que me deixem para o fim, se for isso que me espera, porque as minhas forças esgotam-se e o meu coração afoga-se nos seus próprios batimentos regulares, e a minha dor – aquela que me assegurava o facto de estar viva – fez de mim algo de tão novo, tão desconhecido e tão incapaz que prefiro esquecer-me de mim e esquecer-me do Mundo, ser fiel às minhas próprias convicções e procurar a dignidade que me permita dar descanso aos meus músculos, com a praia longe no horizonte.

domingo, 25 de julho de 2010

Liberdade (é como andar de bicicleta, primeiro tira-se a mão, depois as rodinhas e depois somos só nós)

Mudar. Muda tudo
Muda o tempo à volta,
E as vezes o tempo que fica
Mas eu continuo a mesma
Agarrada às mesmas palavras rasgadas
Aos mesmos fiapos de vida ganha ou perdida
Mas sou eu mesma.

Sou eu mesma nas palavras que escrevo
Nos sonhos que meio-realizei
E em tudo aquilo que à minha volta muda.

Procurar por algo mais no infinito
Pressuposto de gigantes no céu do heroísmo
É o fim de uma corda que nos ata
Uns aos outros numa teia,
Separada de frágeis fios.

E por vocês continuo aqui
À neve, ao sol, ao vento e ao frio
E por vocês sou tudo o que sou
E tudo o que me recusei a ser
Mas para mim sou menos e muito menos
Do que aquilo que vocês são em mim.

E grito, e choro, e grito
Por esperar por algo mais que faça diferença
Quando a diferença está toda lá no sussurro do vento
No teu olhar quando me vês ao longe
E foges de mim para procurar o outro ser
E a ti, escrevo estas palavras,
Porque tenho vontade, e dela me sirvo
Para me guiar, tal como as estrelas
No meu choro e gritos para ser mais do que não posso ser

E corre, corre, corre para longe
Que não te sigo
Porque este é o meu caminho,
A minha história
Na balada, tocada à luz da meia noite
Onde nas águas do céu pintei um retrato
Daquilo que para mim é ser feliz
Daquilo que para mim é ser livre
Estando presa numa teia que nos ata sozinhos

E sozinha hei de ficar um dia
E nos caminhos do traço que tracei
Me perderei, de vez nas linhas leves
De carvão negro, que desenham olhos
Com o brilho da banalidade real
Que une almas sozinhas
E recordações

E essas ficam para sempre,
Em folhas apinhadas de pequenos traços vermelhos
Contando uma historia gota a gota
De uma vida irreal
E traçando um mapa de caminhos entrecruzados
Em escolhas que levam a um e só um sítio,
À minha certeza de que este, este sim,
É o caminho certo.

E sem esperar por ti,
Porque certezas são para um e para todos
Sigo em frente e estendo as asas
Para uma liberdade que me impede de respirar
E o voo, levanto-o ao por do Sol
Sabendo que um dia, ele vai nascer de novo.

Ashes and whine

O vinho negro abraça o copo
E em seu regaço canta
Canções de amor mentira e segredo
E na solidão de um por de estrelas sombrio
Eu te espero.

Corta o céu, o aroma a canela queimada
Fazendo segredo dos meus desejos enlevados
Só e somente no vinho negro.

Cai do teu pedestal eterno
Revolta-te contra a virilidade de um sopro de vento
E vem, junta-te a mim na dança do sonho, do sopro
Da vida, das cordas de uma guitarra na noite.

São negras as águas em que me afogo
São duras, as largas escadas que subo
E o céu é o meu limite
Abraçada no aroma de canela queimada
De uma vela acesa na escuridão que dura
Numa vela, num grito de fé e esperança.

Deixa o teu jogo de copas e espadas
Aposta tudo e ganha-me a mim
Ou bebe e deixa-me beber
O vinho negro
Com um trago a amêndoa
Que se junta e baila
Ao sabor da fogueira
Onde nasce a canela e se põe uma estrela
É o fim.

domingo, 20 de junho de 2010

Confessions on a dance floor

Why does it hurt?

You keep killing me slowly
On every joke laugh
On every silent look
And I keep following you
Till de break of Dawn

Dawn, when it never happens and my eyes open
From my home made horror movies
My own personal role of disgrace

Sky keeps falling apart from me
And in my words nothing more than fear
And regret for keeping the hate alive
From myself, for my own innocence
And the promise of changing days
That never change, even when
One more word comes to fire
One more tear comes to flame
And I keep following you
Till the break of Dawn
That never happens

Change me, oh change me
Beloved star
Or kill me, kill me
Beloved star
Till the next break of Dawn
Cause keep living is much harder.
Change the role of fate
Change the role of faith
And bring the world apart
Heaven and Hell
Skies and Seas
Beloved star
Cause be kept breathing
Over a broken heart
Is torture

And when the never comes and my eyes open
My dance floor begins
Happiness, laughs and tears of joy
Seem to be all over again
While my heart is biting
And the music steals my breath,
The last,
The light steals my arms
Over the last embrace,
And my eyes close, shinning
As never before

And the words I brought to life
The worlds of madness in L major
Statement what is me
What I gave to the Earth
That never gave me a thing
So they are for you to read
When the last kiss of goodnight
(Truly good)
Touches my face
And all my words, tears
And souls become a flame
Resuming in ashes a life
And a living dream
Of a phoenix in a dance floor

quarta-feira, 12 de maio de 2010

As Portas do Céu, a um Passo do Inferno (parcial)

À Pequenina:

A cada passo mais perto de tudo
Do infinito que me vai permitir viver
Contigo tudo é tudo
Sem ti tudo é nada
E estou mais perto
Muito mais perto de ser o teu Céu
E o meu Inferno
E não me canso da melodia à minha volta
Do som do vento, enquanto corro
Do som da tua voz em mim
Chamando-me.

Capitulo V, parte II

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Regresso ao passado

Olá...pois e, sou eu...

Perdi a conta ao tempo que passou desde que escrevi aqui, para quem quis ler. Sei que ninguém precisa deste blog, mas eu preciso. A cada segundo que passa na minha vida preciso mais de escrever.

Chorar é apenas chorar, lágrimas sentidas ou não, por qualquer coisa que me ultrapassa. Passei a maior parte dos ultimos tempos a chorar, quase nao houve um dia em que uma lágrima rebelde não teimasse em aparecer. Toda a minha vida se envolveu num pequeno turbilhão de fios enterlaçados, e desisti de olhar em frente.

Houve alturas em que pensei que nao era possivel voltar a respirar, desfazer o nó da minha garganta e abrir os olhos para o mundo, mas cresci. Tenho noção disso porque percebi que aprendi a falar... nao o acto de soletrar letras e formar palavras, mas sim de partilhar, abrir, mais do que a boca, o meu coração e soltar ao vento aquilo que antes cá ficava a manter a ferida aberta.

Pois bem, nao serviu de nada, falei de mais quando deveria ter ficado calada, falei e falei com vontade de dissolver tudo em palavras e lágrimas, mas nao devia ter falado. Tenho demasidos fios enleados para os perceber, e os dar a perceber a alguém mais, e nao tenho a certeza de ter alguem que queira realmente perceber.

Mais uma vez dei tudo, tudo aquilo que podia e nao podia, para que tudo corresse bem, corri atrás da minha felicidade, subindo as escadas da felicidade dos outros, tentanto chegaer mais longe do que alguma outra vez antes, mas nao tenho jeito nem paciencia para correr atrás. Vivo pelos outros e para os outros, esperando que talvez um dia as coisas funcionem para mim, sem esperar mais.

Falar, nao resulta para mim, tentei e arrependi-me. Prefiro escrever... é a minha maneira de me dar a conhecer ao mundo. Chorar, é apenas algo que faz parte de mim, algo apenas e só banal, que me liberta um pouco de cada dia, que pretende também subtituir palavras, porque nao aguento o facto de saber que ao falar, afasto pessoas que para mim sao nada mais que uma razão para estar viva. Mas não aguento a saudade e o arrependimento por qualquer tipo de erro que nao era suposto ter cometido, portanto preciso de me afastar um bocado para por a cabeça no lugar. Se magoar alguém só tenho que pedir desculpa, mas também não aguento mais magoar-me a mim...
Desculpem!

domingo, 15 de novembro de 2009

Somos seis...

São cordas deixadas no chão
Da cor de quaisquer sonhos
Que me fizeste não realizar;
São gritos, palavras,
Tempos e almas
Perdidos no meio de um mundo.
São cenas, são pedras,
São notas de rodapé
Que escrevi por todas nós:
Terras que vimos,
Por onde passámos
E nos perdemos.
São tretas, mentiras
Que transpiram piedade
Que sopram desgostos,
E não disseste.
Honestidade?!
Qual quê:
Mentiras, géneros,
Crianças somos nós.
Perdi-te no mundo,
No meio ou no fim, não sei,
Nunca descobri
Voltaste a não dizer
E a esquecer
Que real, realidade
É aquilo que somos,
Aquilo que nos representa
Somos seis, e somos uma
Única pessoa num mundo.
E real, realidade
Somos nós contra tudo,
Somos seis e somos uma
Amigas para sempre…

31-10-09 (So long ago...)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Meu Amor

Sou saudade,
Toda eu.
Espero sempre por alguém
De manhã em manhã,
De noite em noite,
De sonho em sonho.
Sou uma criança pequena,
Perdida, com os olhos vidrados
E continuo a esperar-te.
Não sei se já existes
Ou se ainda existes
Mas continuo a enfrentar
As estações, o sol e chuva,
Os gritos, os olhares de censura
As vontades de chorar e
(Por vezes) ser chorada.
Distribuo os meus sonhos a outros,
Distribuo os sorrisos que me faltam
A quem não falta.
Não choro por saber que não estás,
Ao meu lado, ao meu regaço,
Do outro lado da porta.
Às vezes penso encontrar-te
E dou-te tudo
Mas não és tu, é alguém
A quem dei tudo
E de quem nada recebi.
Tenho conversas banais
Com o vento,
Que penso poder fazer-te chegar
As minhas palavras banais, e espero
Que me respondas com a profundidade
Que procuro no muro banal
Que me separa de ti.
Nada te chega e nada me chega
Não posso amar porque não te encontro
Nos olhos de alguém.
Sinto-me sempre mais sozinha
Todos têm uma vida além da minha
Todos esperam ou encontram
Mas ninguém se perde
Em cada palavra, como eu.
Não sei escrever, não sei sonhar
Mas tenho que continuar a tentar
Fazer-te chegar
De alguma maneira o meu amor
Mesmo sendo tu alguma estrela
A infinitos anos-luz de distância.
Tenho a vida cheia de pessoa
Palavras, gestos e segredos
E vivo como espelho de tudo isso
Sem procurar mais fundo que o fundo
Por ter medo de cair
E não voltar a sorrir
Por saber que nunca te encontrei,
Meu amor.

19-10-2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Nunca tinha reparado na quantidade de escadas de caracol que existem!

A vida é como uma escada de caracol, desce-se em curvas cada vez mais apertadas até chegar ao fundo. Há apenas uma pequena diferença, a vida não se sobe e desce, o fundo é o fundo. Não há retorno nem escada de corda que alguém desça só para te apanhar.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

26-06-2009

Abri a janela em direcção ao sol nascente. Pequenos raios infiltravam-se nas gotas de orvalho dos vidros, em busca de uma ilusão de sete cores.
"És a pessoa mais estranha que conheço, tens tudo o que alguém pode querer e andas por aí a chorar pelos cantos..."Dissera-me.
Afinal o que é tudo o que uma pessoa pode desejar? Saber os segredos do mundo, que afinal toda a gente sabe? Ou apenas procurar respostas para os seus proprios segredos?
Segurei as portadas com toda a força, tendo vontade de as lançar em diracção à minha própria cabeça dura, talvez à procura de uma escapatória para as respostas que tinha encontrado nesses escassos cinco minutos de clarividencia.
Doiam-me os dedos, da força que fazia. Queria esquecer-me das minhas limitações e chegar mais longe que qualquer pessoa: estar mais próxima da perfeição. Estava zangada, zangada comigo própria, por nunca acreditar na quase-perfeição que esperava ser o meu futuro. Lágrimas de raiva descobriram o seu caminho através do meu rosto, despenhando-se no vazio. Olhei para o lado, à procura de alguma coisa que me impedisse de continuar a ter pena de mim própria, e cheguei a ti, à tua fotografia que junta com tantas outras, povoava o meu pedaço de mundo. Estavas lá, mas não ali comigo, não na minha realidade.
Bem sei, tens a tua própria realidade e talvez as tuas próprias fotografias. Então para que poderia interessar para ti a minha realidade? Porque tinhas que te preocupar comigo e não me deixar atingir o abismo no qual mergulhava cada vez mais fundo? Eu tinha uma resposta, a minha resposta que, seguramente, invalidaria todas as outras que me dessem, mas essa era só minha, mais um pequeno segredo na minha pequena-grande caixa de Pandora.
Não voltei a olhar para as fotografias, ou as lágrimas tomariam um rumo diferente, não voltei a pensar na tua falta naquele pequeno quarto vazio de humanidade. Não voltei a pensar nos meus segredos, no meu pedaço de mundo ou na minha realidade, mas concentrei-me numa outra, em muitas outras: as tuas e as vossas realidades que, para dizer a verdade, são bem mais importantes.
Podes chamar-me cobarde?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Como num filme

Os dias passam
À velocidade de um segundo
O sangue corre, ou deixa de correr,
Nas nossas veias
Passamos, olhamos e seguimos
Cheios de rotinas,
Minutos marcados
Para uma liberdade
Que de livre não tem nada.
Sentimos o sol ou a chuva
Nem importa
Temos que sair para o mundo
Ante a ultima badalada
O relógio não pára
Avançando a um ritmo alucinado
E passaram milhares de horas
Desde a ultima vez que olhaste o tempo
Irónico…
Falta tempo até para o tempo.
Divagamos também
À velocidade a que as folhas caem das árvores
Tudo à nossa volta muda,
Se altera
Ouvimos explicações
E palestras
Ou apenas mentiras.
O mundo sonha
Não, ainda não deixou de sonhar
Foram-lhe feitas promessas
Que reclama a cada nascer do sol
Será que restaremos intactos
Incautos sobreviventes da onda?
Rogaremos fazer parte
De uma superioridade
Que certamente precisamos que exista?
Ou ficaremos parados
No centro de uma praça apinhada
A ver tudo mover-se e o tempo passar,

Como num filme…

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Somos apenas (ou acima de tudo) Humanos

Voar.
Eu sou capaz de voar
Acima do céu
Acima do infinito
Eu voo
A toda a hora
Até ti
Algures no indefinido
Somos estrelas
Fora num espaço
Que deixou de poder conter
Tudo o que somos
Mas não, afinal não somos estrelas
Somos ondas do mar
Geladas
E continuamos a voar
Sempre mais para a frente
No futuro.
Nunca olhamos para trás
E rimos
Porque somos pequeninos
Tão minúsculos
Que mais ninguém dá por nós
Nenhum dos outros velhos sonhadores
E assim somos só nós
E vamos onde quisermos
E quando quisermos
E afinal somos apenas humanos.

What else?

What else? – 2-1-2009

I’m just here, outside
Waiting for the world to change
Into something real
Into some better place
Where I can live and die
But above all live
I’m just here, no matter what
Thinking about you
I don’t know your name
And I don’t care about that
I know you are out there
Trying to live just as hard as myself
We are different
And we like it
There is no time and space for us
No limits
We are infinite
There is no thinking before doing
There is just heart. Soul.
Music. Moments.
Birth. Death.
Beginning. End.
You. Me.
Life.
What else do we need?

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Olhos cinzentos, olhos verdes

Talvez peça mais um dia
Só mais um
Para poder olhar para ti.
Sempre me prendi
Ao que achava ser correcto
Sem sentir.
Apenas quero mais um segundo
Para poder olhar para ti
Sem pensar no que perdi
Não agora,
Talvez depois do derradeiro momento
Em que o sol finalmente se desfaz
E chega o arrependimento
Por não poder olhar para ti.
Agora decidi pedir
Apenas mais um olhar ao por do sol
Onde ficaste e ficarás
E percebi que nunca estive sozinha,
Caminhaste a beira-mar
E choraste
Mas esperaste que o sol fosse
Dormir comigo
E então desejaste
A luz de uma estrela cadente
Que pudéssemos olhar os dois.
E o teu coração apertou-se
Para dar espaço à minha metade
E os teus olhos mudaram de cor.
Agora era eu que via
Agora era eu quem chorava
Pela felicidade
Que eras tu a sentir
Tal como a intensidade de cada olhar
Que deixámos por trocar
Até nos voltarmos a encontrar.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Thank you!


Did anyone notice I was gone?
Did anyone go to search me over and over again?
I didn’t thought so, but now I realise that you were. You found me when I was completely lost in the border of the abyss. And you know what?! I really threw myself for that one last step… back.
You were there and your arms were open with just the right space for one person: me. You made me cry, because you knew I needed to and then, I smiled at you and said that everything was fine again, you were there with me, as always, and that is all that matters after all.
Just thank you.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Somehow... I believe.

Deus existe? Ou existem apenas coincidências, ou um destino traçado, sem espaço para arrependimentos ou voltas atrás?!
Pessoalmente, prefiro acreditar que sim, Deus existe. Que não temos que suportar o facto de cada dia ser um caminho solitário. Temos amigos e família, realmente não podemos esquecer, mas os amigos e a família são apenas simples mortais, simples pessoas, que tal como nós precisam de algo mais.
Esse algo, talvez a força para continuar passo a passo seja o que motiva cada escolha que fazemos. Porque há Deus, mas também há a nossa maneira de contribuir para o projecto vida. Podemos fazer escolhas, somos nós que fazemos as boas ou más escolhas que motivam a crença. Não nos apercebemos disso, mas apesar das escolhas agradecemos a Deus pelas coisas boas, e arrependemo-nos pelas coisas más, o castigo Divino.
Somos crentes numa entidade superior, “Alguém” a quem podemos pedir ajuda nos momentos de maior necessidade, mas não apenas isso, isso seria esperar demais. Temos de ter alguma responsabilidade no futuro, aprender a fazer escolhas e a torná-las melhores com os anos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Novo Capítulo

Já não consigo mais chorar
Já não consigo mais sentir
Só quero que me deixes abraçar-te
Uma ultima vez
Antes de seguires o teu caminho
O teu principio
E o meu fim
O principio do que tu amas
O fim do que eu sonhava.
Contei-te segredos
Viveste a minha vida
E construíste-me
Agora eu destruo-me
Para me vingar
Ou talvez porque não suporto pensar
Que me abandonaste.
A solidão não é para mim
Mas faz parte do que me tornei
Ou talvez a tenhas marcado em mim
Soa notas soltas, não-sei-quês dispersos
Não consigo juntar as peças
Não consigo ver o caminho
Que deveria nascer agora
Estou demasiado longe
A tentar endurecer
A tentar que não aconteça
O que mais medo tenho
Apenas porque fui demasiado estúpida
E não vi o que era para ver:
Que a nossa amizade iria morrer
Como morreremos nós um dia,
Sem nada.
Não percebes
Também não quero que percebas
Só quero que me deixes sorrir
Mesmo que não o esteja a sentir
Porque gosto demasiado de ti
Para te dizer o que não sei se quereria ouvir
Por isso digo apenas: até um dia
Com a voz embargada
E volto a esconder-me na fachada
De que sou feliz, como não sou
E de que não quero que me leves contigo
Para onde fores
E continuo sempre à tua espera
No ponto final
Onde nasce aquele novo capítulo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Um outro olhar sobre o mundo

Morreste?
Ou simplesmente perdeste-te
No mapa das cores do céu?
Jogámos cartadas opostas
Complementares
Efémeras.
Com a certeza de que ficariam
Talvez no chão
Gravadas na Terra
Ou tatuadas no pincel
Que usámos
Na janela
Onde pintámos a paisagem
De sonhos
Que queríamos ver ao acordar
Para o resto da eternidade
Que julgáramos atingir
Mas também isso é efémero
A eternidade e a vida
Os segredos
A Humanidade
Há conclusões todos os dias
Teorias demasiado complexas
Quando afinal tudo se resume
A uma existência precária
Sem sentido
Com cor, com cheiro, com sabor
Mas sem corpo, sem musica
E tudo isso se resume a mim
E à minha maneira de olhar o mundo.

As palavras que nunca te direi

Adoro-te,
Não consigo viver sem ti,
Preenches-me,
Completas-me,
Tenho saudades,
Não te esqueças de mim,
Vem comigo,
Desculpa,
Obrigada,
Adeus!
Simples palavras
Conjuntos de letras
Mas são mais
Muito mais que isso
És tu
Sou eu
Somos nós
E são as palavras que nunca te direi
Ou que não queres ouvir
Mas vou continuar a fugir
Do que não consigo dizer
Do que não consigo entender
E não posso renegar
Porque no fim de tudo
Vais continuar a lá estar

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

I want to go home

I am waiting all alone
For someone
Or something
Some wild world
Some strange wish
Anything but normal
I am waiting, crying
For the world to change
Or a new chance
Anything but me
I am sick of myself
A selfish me that I don’t know
And you don’t like
No one likes
I want to fly
I want to risk
I want to die
And I know the why
I am alone
Waiting alone
There’s no one there
There’s no one waiting with me
For me
There’s no one to hold me
To help me
To protect me
The destiny is right in the end of the way
It’s the only one who waits for me
And I’m just going to say goodbye
I want to go home…

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

...

O meu espelho contempla-me
Um ente fechado
Por não saber a quem sorrir
Esqueceste tudo
Os últimos suspiros
As ultimas miragens
Do que eu pensava
Ser realmente real
Deixei de pensar
Porque não me quero enganar
No que vejo em ti
Temos prioridades
A minha eras tu
A tua é qualquer outro alguém
Mas percebi
Finalmente percebi
Que o que sempre vi
Foram tristes ilusões
Não sei se sentes remorsos
Não sei se tens que os sentir
E sem ti não sou nada
E sem ti não sou ninguém
E vou certamente sofrer
Mas vou aprender a ser
A mudar o que sempre pensei ver
No nós
Que possivelmente deixou de existir
Percebi que não tenho vergonha de chorar
Porque chorar não mostra o que sou
Mas sim o que não sou; insensível
Não esqueci nem vou esquecer
Nada
E depois não sei….

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Reticencias

O vento sopra
E a magia paira
Nos raios de invisibilidade
Que me compõem
Tu choras esquecida
Entre pedras
Entre notas
E a nossa historia
Voa para junto de mim
As paginas de piadas
Que dissemos
Procuram-me por saber o que sentes
Por saber que não vais esquecer
O que falta:
A despedida
Acrescento um só mais capítulo
Duas palavras mais
“Até breve”
Depois…reticencias…

Vai onde o vento te lavar

Uma tarde, um gelado a derreter. Esquecido na mesa da varanda, sob aquela amalgama de sois. As folhas cobertas de palavras pairavam nas correntes de ar, indo parar onde o vento as levasse. Onde elas caíam nasciam sorrisos, e novas palavras. Novas vontades e novos sentimentos. Novos destinos. A minha maneira de sonhar ficou diferente, menos sonhada e mais real face a ti e ao que me transmitiste. A tua coragem preencheu-me. O vento exigia mais folhas. Criara aquela sede de palavras que já existia em mim há muito tempo. As folhas exigiam mais vento. Esqueci-me das promessas de não mais escrever. A tinta saltava com vontade própria. Não era eu que obedecia àquele ciclo vicioso de vento e palavras. Porque o vento leva-te onde mais desejas. Não sabias?!

Noção de realidade

No cartaz a imagem olhava o mundo. Figuras supostamente geométricas, pintadas da cor dos olhos. Ninguém passava sem olhar. Tu olhaste. Eu vi. Mas fechaste os olhos. Talvez para gravar na memória a ferro e fogo aquela qualquer coisa mais diferente. O arrepio? Também o sentiste? Realmente somos iguais. O que eu sinto, tu sentes. Vice-versa. Treino as falas ao espelho para não me enganar na deixa crucial, no fim do primeiro minuto. O espelho devolve-me a imagem que já sei totalmente de cor. Não os olhos castanhos ou a madeixa rebelde, mas a liberdade de ser feliz na nossa tão diferente noção de realidade.

Coincidências

Passei por aquela praia
Naquele dia
Sentei-me na areia quente
A escutar o tempo
Perdido?
Talvez…
Talvez fosse um sinal
De que o capitulo acabou
Em reticencias
E palmas suspensas
Quando o pano desceu
Fim do acto
Fim da vida
Antiga
Olhei o céu
Azul, verde
Depende de quem olha
Para ti era uma
E para mim outra
Mas sabes?!
Não precisei de te perguntar
Via-se nos teus olhos a diferença
Não és banal em nada
Nem sequer no olhar
Olhas mais profundamente
Como se visses
Coisas que ninguém vê
Até naquela simples nuvem.
A maré estava vazia
Não havia conchas
Simples pormenores
Merecem atenção?
Depende
Se fores tu
Das atenção a tudo
Sempre foste simples
Mas completíssimo
Como ninguém mais
A praia
O céu
O mar
Tu, onde não te esperava encontrar
Coincidências perfeitas
Ou apenas coincidências?

E nesse dia?

Não sei como lidar
Com aquele aperto
Será saudade?
Será medo?
Não sei.
Ou talvez saiba
É tudo,
Também lhe posso chamar nada
Ou esperança
De que tudo nunca acabe
De que um dia seja o infinito
Não sei explicar
Como me faz sentir
O simples acto de pensar
Que um dia vais partir
Que um dia não mais te vou ver sorrir
Talvez se eu ficar sempre a espreita
E não fechar os olhos
Não te vás
Não te percas
Não te desvaneças
Talvez não possa mudar
O que vier a acontecer
Mas não posso pensar
Que um dia tudo vai mudar
Que um dia algo vai acontecer
E que eu te vou perder
Para um alguém ou alguma situação
E me vais deixar na ilusão
De que continuas para me ouvir
E que vou ter sempre tempo de me despedir
Não sei como lidar
Sem choro ou desespero
Com o simples acto de pensar
Que nada posso fazer
Para um pedaço de mim não morrer.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Talvez

Talvez as coisas um dia sejam diferentes
Talvez tenha escolha no que penso
Mas não agora.
Não pedi que viesses
Nem que deixasses o meu mundo de rastos
Arrasaste tudo
Pedra a pedra
Palavra a palavra,
Nunca ouve um lugar para ti aqui
Mas infiltraste-te
Nos meus sonhos
E viraram pesadelos.
Talvez um dia me deixes viver
Sem ser esta forma triste
De quase vida.
Negro pensamento
Não quero que fiques
Não quero perder-me em ti.
Talvez um dia eu deixe de falhar
Os meus objectivos
Talvaz um dia deixes de me magoar
Talvez um dia vás
E nao voltes
E eu deixe de ter medo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Same old new

The same old paper
To write my notes
To tell my life
To cry for the lost battles
The same old paper
That I want to burn
In the same old fire
That burn’s me up
The same old fire
That I want to kill
That same old same
That means nothing to me.
My life is a same old same,
My life is a same old song
But the same old chorus
Will no more be singed
Will be changed today.
No more same old same
And my life I will live it
As a same old new

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A minha praia

"As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim. "

Apenas quero procurar a minha praia,
Lá no fundo, nao sei onde existir
Apenas quero ver as mesmas ondas
Onde sei que as posso descobrir.

Vou deixar pegadas na areia
Para me seguires se quiseres
Vou deixar o coração na minha praia
Foi sempre tudo o que sonhei.

A praia espera-me:
Partirei
O sol espera-me:
Vem comigo
O mar espera-me:
Não me odeies
Pois certamente um dia
Voltarei

domingo, 7 de setembro de 2008

Sabor a fim do dia

"Esqueci-me do meu nome. Perdeu-se, talvez no sol do fim da tarde. Fixava-me só no teu, e foi esse que ficou gravado a ferro e fogo no meu corpo; Nunca realmente se apagou a recordação que, no meio de muitas outras, montava esse velho texto de palavras gastas; As garrafas com as mensagens, que nunca escrevemos, andam á deriva no alto mar, ou talvez naquela ilha perdida; O sabor do sal também o fixei, foi o melhor sabor que já senti. Talvez por estar misturado com a leve música das ondas e o barulho do velho espanta-espíritos na velha cabana da praia; O quadro da folha de papel, onde assinaste o tque cheiro aindá está caido, no pedaço de laje fria, onde o deixaste. E a minha triste caixa das conchas douradas está aberta à espera do resto do conteudo, que deixámos espalhado em cima da rocha espalmada.
Lembras-te?"

Olhar

Olhaste, viraste costas e fugiste
No olhar senti o desafio
Que nunca realmente proferiste.
Deixaste o beijo no sorriso
Prometendo contar o que verias
Mas não voltaste nunca a tempo do aviso
De que não mais tempo terias.
Esqueceste todo o tempo que passei
Querendo contigo explorar
Querendo responder ao desafio
Que nunca chegaste a lançar.
Voltares foi tudo o que esperei
Nem sequer te deixei explicar
Preferi nao ouvir a negra historia
Que decerto tiveras tempo de inventar.
Parti para o que tinha que fazer,
Parti para o meu mundo explorar
Esse mesmo mundo que não me deixaste roubar.
Decidi ser eu a ver para contar.
Seguir os teus passos para não mais ter que procurar
O sol no horizonte, para me fixar
Enquanto esperava que aquele olhar
Finalmente se atrevesse a desafiar
Este outro vago olhar,
Para sonhar

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Por não saber escrever

Morro por não saber
O que aconteceu para me esquecer.
Dou corda ao relógio das palavras
Que se partiu em mil estilhaços
Como as simples estrelas,
Como os simples pedaços de sonhos.
É triste descrever o dia-a-dia
Mas é apenas o que agora sei fazer
Palavras banais,
Sentimentos normais
Nada onde me perder.
Por isso reino aqui
Num mundo de ilusões quebradas
Onde nas palavras que escrevo não há nada
A não ser fria solidão.
Na escolha de um passar ou vaguear
Escolhi a escolha que não tinha que fazer
A escolha que não mais sei descrever.
Foi difícil, foi errado, foi imperfeito
Mas a perfeição não existe, não se almeja:
Sente-se
E eu não sinto.
Não quero acordar e perceber
Que já nada mais tenho para ver,
Que já não tenho o mundo na minha mão
Apenas a minha sombra, a de um inimigo
Que odeio por ainda pisar este chão
Não há espaço nem tempo,
Apenas um vortex confuso
Onde ainda sou o passado
Mas também sou o futuro
Um futuro que não vai existir
Porque não quero ver partir
O meu sonho de sempre, para sempre.
Contei as gotas
Que as nuvens choraram por mim
Porque finalmente morri
Por não saber escrever.

Perfeição

Perfeição...muitos dizem que não existe, mas eu acho que sim. Não é uma estado de vida, mas um estado de espírito.
Muitos querem atingir o patamar mais alto, chegar ao limite do impossivel e superá-lo, outros refugiam-se na ilusão de dizer que ninguém é perfeito e que é impossivel ser.
Para mim, a perfeição nao é uma ilusão, é uma meta a atingir, começa-se de baixo, mas nunca se deixa de acreditar nem de trabalhar. Não sou convencida ao ponto de afirmar que o consigo, simplesmente recuso-me a acreditar no contrário. Para mim a perfeição é uma maxima de vida, o meu sonho.
A perfeição nao é acto de ser perfeito, imbativel, como dirá qualquer definição de dicionário. Para se ser perfeito cometem-se erros.
Pois bem, não tenho medo de ser arrogante e afirmar que QUERO SER PEFEITA, quero ir mais longe. E só por acreditar já atingi a perfeição...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Uma flor de...

Descobri que tenho picos
Tal como a flor das pétalas negras
Tenho picos para me proteger
Da insensibilidade da desconfiança
Picos que não ferem,
Mas matam
De tristeza
Picos que crescem
Como as recordações
De que sou uma flor de pétalas negras
Descobri que já não tenho folhas
Tal como a flor das pétalas negras
Não tenho folhas porque caíram
Ou foram arrancadas
Porque sou uma flor de pétalas negras
Descobri que o fogo não me queima
Tal como à flor das pétalas negras
Não me magoa
Não me queima
Não deixa marca
Porque sou uma flor de pétalas negras
Descobri que estou sozinha
Tal como a flor das pétalas negras
Estou sozinha porque pico
E entristeço
Porque sou uma flor de pétalas negras
Descobri que as pétalas negras não são minhas
Mas sim tuas
Deixaste-me a tua capa, as tuas pétalas
Para nunca me esquecer
De que sou uma flor de pétalas negras
Descobri que não sou uma flor de pétalas negras
Mas sim brancas
Porque não te deixei partir e deixar as pétalas para mim
Porque tu és uma flor de pétalas negras
E eu sou uma flor de pétalas brancas


Is not what i'm used to write but ... i like it!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

...

I don’t want to, I miss you

A tear running fast,
A day, another and another
And you just don’t come back
The moon right above my head
Is telling me to run away
But I don’t want to,
I miss you
The sad sound of a laugh
The sweet dream of a kiss
Everything makes me forget
But I don’t want to
I miss you
The stars shinning so brightly
In the darkness of my mind
Are making me afraid
But I don’t want to
I miss you
So long have you been away
That my heart found a way
To go out
But I don’t want to
I miss you




Se eu te perdesse

Se eu te perdesse,
não chorava, ria,
para me lembrar de ti.
Ao rir-me sei que
onde quer que estivesses
ririas comigo, como rimos agora!
Se eu te perdesse
sonhava, com o dia em que te iria encontrar!
Sonhava todas as noites contigo,
com o teu sorriso inconfundível,
com as tuas gargalhadas,
e aí sim, chorava,
por não te poder ter ao pé de mim,
por me teres deixado sozinha,
como tinhas prometido não fazer!
Se eu te perdesse,
perdia uma parte de mim,
a parte que não esquece que estás lá,
quando eu precisar, a toda a hora!
Se eu te perdesse
nunca mais descansava,
até te encontrar, porque,
te adoro!




Sozinha

Um dia serei uma folha,
De um caderno na tua mão.
Um dia serei uma palavra,
Que sairá dos teus lábios
Um dia serei um sussurro
Numa noite escura
Um dia serei um gesto
Que farás sem pensar
Um dia serei um resto
De uma nada sem perdão
Um dia serei um verso
Que alguém irá repetir
Um dia serei um olhar
Esquecido nos teus olhos
Um dia serei liberdade
De cantar lá do fundo
Um dia serei saudade
Do tempo do passado
Um dia serei nota
Da música que não cantas
Um dia serei fotografia
De um momento parado
Um dia serei magia
Que não aprendeste a fazer
Um dia serei alegria
Por te ver
Agora sou ilusão
De quem procura um caminho
Agora, simplesmente,
Te espero
Agora, simplesmente,
Sou eu
Agora, simplesmente,
Sozinha…



Não consigo esquecer

Lembro-me daquelas horas
De cada sessenta minutos
De cada sessenta segundos
Foram roubados
Mudaram-me
Lembro-me de cada palavra
Lembro-me de cada lágrima
Minha e tua
O nosso olhar era um ciclo vicioso
Tu começavas-me e acabavas-me
Tu preenchias-me
Ainda preenches, mesmo passado tanto tempo
Lembro-me da chuva que caía
Completando o meu estado de espírito
Lembro-me de tudo o que senti
Traíste-me, subjugaste-me
Lembro-me de tudo o que ainda sinto: saudade
Apenas não me lembro do que era
Antes, muito antes de ti
Esqueci-me, perdi-me sem poder evitar
Não me revejo nas fotografias
Tiradas há tanto tempo
Não sou eu, não consigo ser
Não vejo as mesmas coisas
Não sinto nada
Não existo concretamente
Não consigo esquecer…

Sempre mentira

O céu está limpo,
O sol brilha na minha cabeça
Não o sinto
Tenho frio
Dizem que os pássaros cantam
Não os ouço
Tenho saudades.
Vejo nas folhas das árvores
Que o vento sopra
O meu cabelo não mexe,
Tenho medo.
Dizem que estás ao virar da esquina
Que posso chegar e tocar-te
Não te encontro,
É mentira.
Sempre foi…
Não há sol
Não há pássaros
Não há vento
Não estás ao virar da esquina.
Continuo a ter frio
Continuo a ter saudades
Continuo a ter medo
Continuo a não te encontrar
Porque?!

domingo, 9 de março de 2008

Há amizades que se esquecem. Há amizades que não passam de conversas sem interesse. Há amizades de gargalhadas e anedotas secas. Há amizades que se perdem que, aliás, nunca foram encontradas. Há amizades de ir beber café. Há amizades de sair para viver a vida. Há amizades que fazem chorar. Há amizades que fazem rir às gargalhadas. Há amizades que só ficam registadas em fotografias, palavras, desenhos. Há amizades que ficam para sempre, mesmo que seja lá no fundo. Há amizades que vivem de uns poucos encontros apressados. Há amizades que se vivem todos os dias a cada segundo. Há amizades de música. Há amizades de sonhos. Há amizades de segredos. Há amizades em que se diz “Adoro-te, sabias?!”. Há amizades em que não é preciso dizer nada. Há amizades que precisam de ser justificadas. Há amizades que as palavras matam. Há amizades que precisam de cor. Há amizades que se vivem a preto e branco. Há amizades de correr atrás. Há amizades em que se fica parado à espera que chegue…Há amizades que vivem da novidade. Há amizades que procuram o passado. Há amizades que se esquecem do importante. Há amizades em que o importante é a própria amizade. Há amizades que precisam de ser ateadas. Há amizades que estão sempre acesas. Há amizades que por tudo o que significam são inesquecíveis: pelos bons ou maus momentos, pelas muitas ou poucas horas que ocuparam, e muito mais pelas pessoas que representaram.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

...

Conversa de Silêncios

Não sei bem o que te quero dizer
Procuro palavras para algo indefinido
Estamos frente a frente, olhos nos olhos
E a única coisa que sei é que quero ficar assim
Sinto-me perdida, confusa
Trocamos silêncios
Pareces também não saber o que dizer
Não sei ao certo
Já nem tentamos proferir palavras
Para quê?! Só complicam tudo!
Quero tocar-te
Quero sentir a tua realidade
Aproximamo-nos a medo
Centímetro a centímetro
A distância encurta-se
O tempo parece parar
No momento em que te toco, alguém chama
Palavras que parecem ferir
Resgatam-me para a realidade
Só tenho tempo para mais um olhar
Antes de despertar
Mas sei que ficarás sempre aqui
Para terminarmos a nossa conversa de silêncios.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O tempo muda tudo...

É impressionante como em diferentes dias, com diferentes disposições podemos pensar de maneira tao diferente... Num relativamente curto espaço de tempo, escrevi dois textos com +/- o mesmo tema, mas estao completamente opostos um ao outro! O outro ja está aqui no blog com o título de "dreams" e eu vou agora postar o mais recente:

Porquê lutar toda a nossa vida pelos sonhos? Aliás, o que são os sonhos afinal? Caprichos? Fantasias? Para mim os sonhos não passam de motivos para olhar para o infinito e quando me perguntarem o que estou a fazer, responder "Estou a sonhar!". Tenho planos, projectos e muitas, muitas fantasias! Qual a diferença? Planos são coisas definidas, seguras, coisas que vão ser feitas num momento determinado e exactamente como estão planeadas. Projectos são esboços de planos, coisas que talvez gostásse de vir a fazer, mas em que ainda nao tenho a certeza de querer apostar. Fantasias não passam de coisas que idealizei, que sonhei que um dia se viriam a tornar realidade, coisas quase impossíveis de algum dia chegarem a ser feitas, mas lá está, não passam de sonhos, coisa em que por vezes se aposta tudo: tempo, determinação, esperança, tenta-se e tenta-se dar o nosso melhor, esquecem-se as limitações, fazem-se promessas absurdas, e depois, o que é que acontece?! Desilusão, percebemos que somos fracos demais, que não temos talento, e perguntamo-nos: "Porque é que eu nao consigo? Eu queri tanto fazê-lo, mostrar que sou boa, qu consigo!" Depois, vemos alguém ocupar o nosso lugar, tomar conta do nosso sonho e fazê-lo tão perfeitamente que até parece fácil, e pensamos que é injusto, que devíamos ser nós a ocupar aquele lugar, queremos deixar de sonhar, fazer apenas o que somos bons e fazê-lo do que qualquer outro. Mas depois percebemos que o que somos bons é o que nos faz sonhar mais alto, que nos faz querer chegar amis longe, e isso confunde-nos. Afinal conseguimos ou não lutar pelos nossos sonhos?! Conseguimos ou não tornar as fantasiasa numa realidade absoluta e ainda melhor?!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Novo ano...a mesma vida, mas vivida de uma maneira melhor!

O ano de 2007 foi no minimo um ano interessante! Não posso dizer se foi bom ou mau, acho que teve os seus momentos bons e maus. Foi um ano complicado em termos de amizades, recheado de discussões, confusões, zangas, implicancias, enfim, passei metade do ano a tentar manter as minhaz amizades, foi muito complicado, ouvi coisas que secalhar nao merecia totalmente ouvir e outras que secalhar estava mesmo a pedir, para ver se assentava a cabeça, houve dias em que estive totalmente em baixo, sentia-me super sozinha e sabia que tinha feito algumas coisas de mal e por isso é que nos tinhamos zangado! Acabámos por nos reconciliar e as coisas ficaram muito mais faceis, até que, lá para o fim do segundo periodo fui +/- "arrastada" para uma enorme confusão e mais uma vez fiz asneira da grossa! Acho que foi uma das coisas que aconteceram na minha vida, e o pior é que afectou montes de gente, a partir dai, tudo mudou, perderam-se amizades, fortaleceram-se outras, mas o que é certo é que foi dificil voltar as aulas no terceiro periodo e enfrentar tudo! No terceiro periodo, até aconteceram coisas boas, contra todas a expectativas um dos meus poemas ganhou uma mensão honrosa num concurso da escola! O dia da entrega de prémios foi um dos MELHORES da minha vida, depois de receber um premio por fazer a coisa que eu mais gosto (escrever) e de ter partilhado esse momento com alguns dos meus amigos (foi mt mt importante para mim!), fui para a festa de finalistas de 9º ano de umas grandes amigas minhas (GUI, SARA, SOFIA, JOANA etc... MOMENTO PARA RECORDAR!), na qual fui madrinha de uma delas (GUI, MINHA AFILHADA PARA SEMPRE!) FOI UM DIA GLORIOSO! Depois desse dia, mais uns dias de aulas e depois... FÉRIAS!!! Algarve, praia, sol, dormir até tarde, estar acordada até às tantas... mas o que é certo é que nem tudo sao rosas, mais uma vez, foram uns meses atribulados em termos de amizade, "alguém" decidiu tirar as ferias para ma fazer a vida negra e ainda por cima com "reforços" foi assim daqueles momentos em que so me apetecia bater a essas pessoas todas e mandá-las meterem-se na vida de outra pessoa! Resumindo, passei quase o Verão todo em discussões absolutamente estupidas cfom pessoas que nao merecem, que acabaram com relações cortadas com uma grande amiga minha, odiava-a mesmo, apaguei todos os vestigios de que essa amizade tinha existido e prometi a mim mesma que nunca mais havia de falar com ela! As coisas passaram-se como eu tinha planeado...duarante uns tempos, depois o meu "coração mole" lá se permitiu a perdoa-la, mas com condições, claro! Isto entratanto quando as aulas já tinham começado à quase um mês!
O inicio do 9º ano foi estranho, estava com uma relação um bocado estranha com as minhas amigas, estávamos muito bem, mas ao mesmo tempo sentia-me diferente! Entretanto, um dia no bar comecei a falar com uma grande amiga minha de infância, tinhamos andado no mesmo colégio onde eramos muito boas amigas, mas depois tinhamos ido para escolas diferentes e perdido contacto, até ao 7º ano em que fomos as duas lá para a escola. Falávamos uma com a outra d vez em quando, um " Olá, estas boa?!" de vez em quando e pronto, cada uma tinha a sua vida, mas nesse dia no intervalo estivemos a falar um bocado e depois ela convidou-me para ir ter com as amigas dela das PENETRAS (a equipa de futsal da nossa escola), que umas eu já conhecia e boutras fiquei a conhecer. Passei a dar-ma mais com elas, sentia-me bem com elas, embora talvez um pouca a mais, mas as coisas com a Leonor e com o resto da malta estavam a correr muito bem, e eu entratanto fui ver uns treinos das Penetras (a melhor equipa do mundo, optimas jogadoras e melhor ainda, optimas amigas) e elas começaram a dizer que precisavam de uma guarda-redes para a equipa, nao sei porquê eu, mas o que é certo é que começaram todas a tentar convencar-me a entrar para a equipa. Eu nao queria aceitar porque tinha imenso medo de nao prestar para nada e de as desiludir, desiludir as minhas amigas, principalmente a Leonor, por quem eu tenho uma enorme consideração e estima, alguem que eu adoro mesmo, que me diz muito do que eu era quando era mais nova, e de quem preso muito a opinião, mas o que aconteceu foi que elas tanto insistiram que eu acabei por entrar (e por as desiludir a todas, muito mesmo)! O primeiro treino ate correu razoavelmente bem, mas a partir daí acabei por começar a perceber que sou uma autentica nódoa no futsal, e pior ainda, nao consigo controlar os meus nervos, o que faz com que ainda faça mais porcaria dentro da baliza! Apesar de saber disso, pediram-me para não desistir, e eu decidi tentar mais uma vez, mais importante ainda, decidi que vou conseguir ser uma guarda-redes razoavel! Entretanto no meio de tanta coisa, 2007 chegou ao fim, a noite de Ano-Novo foi optima, há coisas para repetir e outras nao tanto, a entrada em 2008 foi com o pé direito, com mais 366 dias para aproveitar ao maximo (sem exageros, claro!) e com alguns objectivos bem traçados que vao ser cumpridos, custe o que custar...!
Já agora, Smile,conhecer-te foi uma das melhores coisas de 2007 e, Leonor, Banha , Rita, Smile, Marta OBRIGADA POR TUDO (ao resto das Penetras também, mas a voces especialmente!)
Leonor, disseste-me coisas que nunca vou esquecer, nunca mesmo, adoro-te imenso!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Momentos

Momentos… não sei o que são, não sei porque não os consigo esquecer. Aconteceram, não posso voltar atrás, por mais que queira, mas não sei se quero… Se fossem fotografias, ou mesmo páginas de um diário, podia rasgá-las em pedaços pequenos, e lançá-los no vento, para longe de mim. Mas não são, estão gravados, presos ao que eu própria sou, ao que vivi, por tantas e tantas vezes que me lembro de um sorriso, de um beijo que deixei escapar sem destinatário, por ter alguém ao meu lado que vive as coisas como eu vivo.
Tentai apagar só o que não gostei de viver, asa vezes que deixei as emoções tomarem conta de mim e as lágrimas escorrerem livres, sem impedimento, as palavras que deixei escapar com o simples objectivo de magoar alguém, as vezes que desisti sem tentar, pelo facto de ter medo de não conseguir…
Não consegui, mais uma vez desisti, ficou quase tudo na mesma, continuo a sorrir sempre que posso, os beijos solto-os no vento à espera que cheguem a alguém, continuo a perder o controlo pelas coisas mais estúpidas, a deixar as lágrimas correrem livres, já nem me dou ao trabalho de tentar pará-las, sei que não resulta e as palavras, palavras não têm significado, simplesmente existem para serem usadas como maneira de fugir, mas magoam, magoam tanto! Mas uma coisa mudou, deixei de tentar esquecer tudo o que se passou, percebi que foi e é nesses momentos que, de alguma maneira… eu sou feliz!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Dreams!

Há coisas que fazem pensar se teremos tempo, tempo para conseguir lutar por uma tentativa de concretizar os sonhos que vão crescendo desde que nascemos. Com os anos, alguns vão aprendendo a ceder aos caprichos do tempo, a viver o momento e aproveitar a que pode ser uma única oportunidade. Passo a passo, fazemos conquistas de que nos orgulhamos, seguimos caminhos importantes e dizemos que somos felizes porque concretizamos um sonho, depois, num piscar de olhos, aparece logo outro que nos obriga a desistir dessa felicidade, para lutar ainda com mais força e não perder o rumo.
No meio dessas batalhas encontramos importantes ajudas, amigos, o nome simples que têm essas pessoas que nunca abandonam o nosso lado em todas as lutas.
É por causa desses amigos que cada momento de luta não chega ao desespero, que cada lágrima acaba por ser substituída por um sorriso. Cada segundo, cada conquista, cada gargalhada com ao sem motivo, cada sonho ou pesadelo, cada sentido, nada seria tão importante, sem ter com quem partilhar.
O tempo, esse sim, não espera por ninguém, na volta atrás em busca de uma oportunidade que alguém perdeu, em vez disso, prega-nos partidas, passa rápido demais, e os momentos de felicidade não duram suficiente para serem reconhecidos, são confundidos com mera emoção passageira e empurrados lá bem para o fundo da lista de recordações. Os amigos, esses são tomados como dados adquiridos, desvalorizados, os sonhos, os sonhos, os sonhos vão-se confundindo com simples desejos, já não vale a pena lutar, é demasiado fácil…
E então, nesse momento algo acontece… Por alguma razão percebemos que o tempo chegou ao fim, que o tapete que pisávamos fugiu debaixo dos nossos pés, percebemos que perdemos tempo, esquecemos os sonhos e muitos ficaram por realizar, e então, tentamos corre e apanhar a ponta do tapete, gozar tudo o que deveria ter sido gozado numa vida, naquele instante, e é também nesse instante que percebemos que não vale a pena correr, nunca faremos tudo, mas podemos aproveitar esse pouco tempo, sem pressas, para dizer tudo o que queremos, amar todos os que tivemos medo de amar, enquanto andávamos perdidos na correria, chorar todas as lágrimas que foram privadas, e rir, rir com um amigo, rir das recordações que agora chegam apressadas e que mostram, que apesar de parecer, nem fomos assim tão infelizes.
Por vezes, não nos apercebemos do momento único que passou, pensamos que se vai repetir tantas e tantas outras vezes que nem merece a importância de um olhar mais atento, mas que no fim de contas pode acabara mais abruptamente! O desgosto ameaça tomar-nos quando temos percepção disso, mas não podemos deixar, ainda há uns instantes que não se renderam à velocidade do tempo, e estão à espera de ser aproveitados.
Há também, quem veja o seu tempo roubado, quem por muitos sonhos que queira concretizar, e por mais exemplar que seja a sua maneira de o tentar fazer, não tenha todo o tempo que deveria!
Então, se já sabemos que de uma maneira ou de outra, nem todos os nossos sonhos se irão realizar, porque continuamos a lutar?
Continuamos a lutar porque é assim que tem que ser, se não desistirmos, podemos não os concretizar todos, podemos chegar ao fim cansados de lutar sem os resultados que queríamos, mas vamos descobrir que é isso que nos faz felizes, uma vida de luta para perseguir os nossos sonhos, ao lado dos nossos amigos. Assim, podemos não descobrir uma parede cheia de “diplomas” de sonhos realizados, mas descobriremos com certeza recordações de momentos que nunca esqueceremos!
Porque: “Quando sonhas só tens de lutar para alcançares todos os teus sonhos e objectivos!”

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Poesia, ou pelo menos eu acho que sim!

…que o tudo se transformou em nada…

Sento-me sozinha, pensando.
Pensando no que sempre desejei:
Desejei que fosses tudo o que não és
E tu simplesmente és tudo o que eu não desejei!
Chorei horas e horas sozinha
Pelos sonhos que nunca se realizaram
E pelos pesadelos que nunca sonhei realizar
E, que esses sim, se concretizaram.
Tremo de medo
Dos sentimentos que fogem de mim,
Que se escondem e me fazem incapaz de amar,
De amar-te, de amar algo ou alguém.
Acordo todas as manhãs
Com pena do que não fiz, do que não vi,
Do que não disse, por mera estupidez
E que agora não quero mais dizer,
Porque o momento passou
E o que passou não volta atrás,
Esconde-se bem escondido no fundo do passado
Onde só possa ser recordado!
Mergulho todas as noites sem sentidos num turbilhão de estrelas
Que olho com vontade de fugir do que sou
E mudar tudo o que foi feito apenas por fazer,
Sem qualquer significado escondido,
que assim possa permanecer.
Escuto distraída, os lamentos do eu
Que não tenho a certeza de saber encontrar
Entre todo o tu que me enche e me preenche
Sem me fazer despertar.
Corro velozmente da prisão de uma imagem
Que se funda com o que existe e me abandone
Esquecida numa ilusão apenas triste.
Vejo a vida passar ligeira á frente dos olhos
Penso nela, no que fui, sou e serei,
No que ouço, no que vejo e no que sinto,
No que escapa por entre os dedos a toda a hora,
Em quem ama, em quem ri e em quem chora.
Digo versos de saudade infinita,
Encho de alma a minha alma vazia
Sem saber sequer distinguir se é noite ou dia.
Percorro léguas e léguas de sonhos
Mesmo quando estou acordada
Para só depois perceber
Que o tudo se transformou em nada…



África Minha

Tantas vidas que se perdem
Porque ninguém vê!
Tantas lágrimas que correm a juntar-se aos mares lá longe
Porque o gelo de alguns corações não derrete, por mais calor que esteja!
Tanta tristeza que ensopa a terra
No lugar da água que faz falta!
Tantos sonhos que pisam
Lugares que ficaram por descobrir!
Tantas histórias que cá tão perto
Parecem tão irrealizáveis como contos de fadas!
Tanto “pó de perlimpimpim”
Que perdeu a magia nas viagens do vento!
Tantos olhos
Que não viram senão nada!
Tanta incerteza
Num futuro tão distante!
Tanta espiga
Que nunca chega a crescer!
África minha,
Cá tão perto, lá tão longe…


O Universo numa Estrela

Quero sentar-me numa estrela,
ficar apenas lá sentada,
a observar tudo á minha volta!
Quero sentir a liberdade da grandeza,
o remorso da singularidade,
a ansiedade da descoberta,
o terror da solidão!
Quero sentar-me numa estrela
e ficar lá a ver o Universo,
sem tempo, sem espaço, sem eu,
só Universo! Só estrela!

Felicidade

Porque te escondes,
se levo a vida a procurar-te?
Porque me esqueces,
se te recordo a todo o momento?
Porque me abandonas,
se o que eu mais preciso é companhia?
Porque acabas,
se a minha necessidade é infinita?
Porque apenas me tocas levemente,
se te quero abraçar?
Porque me escapas entre os dedos,
se estou quase a alcançar-te?
Porque te esconde, felicidade,
se o meu maior desejo é ser feliz?




Pássaro

Eu sonho partir em liberdade.
Sonho voar como um pássaro,
como a minha própria imaginação.
Sonho partir para longe,
para lugares que nunca sonhei descobrir.
Eu sonho amar longe,
amar a terra,
amar o mar,
amar o pássaro que quero ser.
Amar lá bem longe
e depois voltar,
voltar ao que sempre conheci e nunca esqueci
voltar à prisão da gaiola,
ao medo da liberdade.
Voltar a acordar do sonho

Fado

Fado canção de Lisboa
Fado canção de Coimbra
Fado de Portugal
Fado das vozes poderosas,
guitarras chorosas
Fado canção sem igual
Fado do meu coração
Fado da sempre saudade
Fado eterna emoção
Fado sempre verdade
Fado das noites, do tempo
Fado amante ciumento
das noites da cidade
Fado das cordas afinadas
Fado das vozes esmeradas
Fado amor sem igual
Fado alma de Portugal

Simplesmente o mar

Porque é que eu não posso ser o mar,
viver o mar, amar o mar?
Porque é que eu não posso ser uma onda,
uma simples onda num ciclo vicioso,
enrolada na areia?
Porque não um peixe, uma onda,
simplesmente o mar?
Simples e simplesmente o mar,
a solidão do mar,
a beleza do mar,
a simplicidade do mar…